João Pequeno de Pastinha

Capoeira leal, capoeira pegada, capoeira justa, capoeira de dentro, capoeira de baixo, capoeira de fora, capoeira de cima, capoeira traiçoeira, capoeira brincada, capoeira jogada, capoeira lutada, capoeira escorregada, capoeira caída, capoeira mandingada, capoeira levantada, capoeira pulada, capoeira sambada, capoeira sacolejada, capoeira bambolejada.
Tem capoeira para todo corpo, e todo corpo tem sua capoeira. Mestre João Pequeno foi doutor no papel, mas antes, bem antes de ser doutor no papel, foi doutor na mandinga. Conheceu a arte querendo ser valentão, e achou o grande sentido da arte em ter seu golpe freado, manejado – porquê segundo ele mesmo, “o capoeirista para bater não precisa acertar”. O golpe vai até onde for preciso, e quem está em volta sabe quando entrou e quando não entrou. Mestre de mestres, formador de homens, professor no sentido mais estrito possível – um sujeito raro e doce, no nosso mundo tão corrido, imediatista e superficial. Conheci o Mestre João Pequeno em um momento ligeiro, em 2003. Poucos minutos de conversa antes da roda em sua academia, e outros poucos dentro do carro do Mestre Decanio, enquanto o levávamos do Forte Santo Antônio à sua residência. Calado e observador, deixa a marca de seu trabalho na história. João Pequeno, de pequeno só teve o nome… Deixou esse mundo, mas o que deixou nesse mundo foi maior. Gigantesco João Pequeno, Enorme João Pequeno, Imenso João Pequeno!

Quando eu aqui cheguei
A todos eu vim louvar
Vim louvar a Deus,
primeiro morador desse lugar
Agora eu tô cantando
Cantando e dando louvor
Vou louvando a Jesus Cristo
Ao pai que nos criou
Vou cantando e vou louvando
Porque nos abençoou
Abençoe essa cidade
Com todos os seus moradores
E na roda de capoeira
Abençoe os jogadores,

Camaradinho!

Camugerê, vosmecê como vai ?
Camugerê!
Como vai vosmecê ?
Camugerê!

Vai o homem, fica o nome.

There was once this art from Brazil

There was once this art from Brazil
To be played in the beach
To be played in the hill
A fight, a dance, a game
An art to spread happiness,
A weapon to hurt and kill
For you to crawl as a snake
And hear “For Christ sake!”
Leave the crowd with their thrill
Where you can fly like a bird
Can clap, can sing, can smile
And give other’s spines a chill
A dialogue without words
To show malicia and strength
To do mandinga and tricks
To show control and skill
A game where the winner
More than the one who beats
Is the one who gets the most joy
Who make from the opponent his toy
Who makes the butter to spill
Created by slaves down south
Who said with their feet
What they couldn’t with their mouth
Who chopped the sugarcanes
Who seeded the black coffee in lanes
Who with their hands moved the mill
Who were taken from their home
But in their minds had the power
To make from their pain, something new
Who, when freed, reached town
Discriminated, black or brown
Didn’t accept their way of living
Imposed their point of view
And took from their former lords
Money, blood and much more
Showed them the other face of the coin
The disease for what there’s no pill
Cause the world spins
Completes one round per day
All you do comes back to you
If you ordered the food
Then pay the bill !

Tambor fala

O tambor fala pelas minhas palmas
quando o braço desce, o som sobe
quando a mão dói, a alma salta
o tambor solta seu grito, que é também meu
couro que esteve esticado sobre carne
agora esticado sobre madeira
alma de árvore, esqueleto de aço
a cada tapa, uma resposta
o suor do braço é lágrima no couro
e o rufo do oco é grito do homem
tambor é para se falar com as mãos…

O poder da escala pentatônica

Denominam-se escalas pentatônicas, em música, ao conjunto de todas as escalas formadas por cinco notas ou tons. As mais usadas são as pentatônicas menores e as maiores, que podem ser ouvidas em estilos musicais como o blues, o rock e a música popular. Muitos músicos denominam-na simplesmente de “penta”.
Escalas pentatônicas são muito comuns, e encontradas por todo o mundo, incluindo mas não limitadas a: música tradicional celta, música tradicional húngara, música do oeste da África, cânticos espirituais afro-americanos, jazz, blues, rock, canto sami joik, músicas infantis, músicas tradicionais gregas de Epirus, noroeste da Grécia e sul da Albânia, afinação do instrumento etíope krar, afinação do instrumento indonésio gamelan, do kulintang filipino, melodias da Coréia, Japão, China e Vietnam (incluindo músicas populares destes países), tradição afro-caribenha, montanheses da Polônia e compositores clássicos como o francês Claude Debussy. A escala pentatônica é também utilizada nas gaitas de fole escocesas.

Bacana, né ? Agora veja o vídeo.

Ao final, o sujeito (Bobby McFerrin) comenta que “ele já fez esse tipo de performance em diversos lugares do mundo, e em qualquer deles a platéia “pega” a idéia do mesmo jeito”.

É como se o nosso cérebro humano estivesse “programado” de nascença a entender escalas pentatônicas. A música unindo o mundão sem porteira…

E falando nisso, sinta o peso desse som aqui (projeto “Playing for change” – uma única música gravada por gente do mundo todo, tudo-ao-mesmo-tempo-agora):

Gunga bateu!

Gunga bateu ! O povo da rua se achega, as crianças vem brincando pelas esquinas – balançando matos e revirando papéis velhos. Pássaros nos beirais se olham intrigados, sem saber de onde vem o chamado. O gato velho levanta as orelhas, sem ter certeza se ouviu seu nome. Gunga bateu ! A cachorrada se assanha, aqueles presos em coleiras invejando os que correm soltos na direção do som. Os cavalos vão se aproximando para vadiar. O arame segue falando, abrindo as portas e trazendo todos para perto. O arco é colorido, arco-íris entre céu e terra, chamando os de longe para perto. Gunga firmado, chega o roseiro, e vai contrapondo seu som – um gemido não tão sério quanto o de seu irmão mais velho, mas ainda assim fazendo com que os viventes tentem entender de onde vem cada arrepio. O toque tem cadência, é pesado – quase sólido, e segue batendo. Dim-dom-dim, dim-dom-dim, berimbaus bateram ! Quem está prestando atenção, mal levanta os olhos, tal a indolência ritmada. Viola chega por último, magrelinho e risonho. É uma verguinha, uma cabacinha, um fiozinho de arame. Mas da boca só lhe sai o que tem nas entranhas, e é alegria pura… Para quebrar o siso dos mais velhos, para impor um pouco de caos à ordem. E vai gritando – hora que sim, hora que não. Dim-dom-dim, dim-dom-dim, tríade formada, berimbaus bateram ! Pandeiro abre um olho, depois o outro. Vê o povo da rua em volta, gatos, cães, pombos, cavalos à espera. Vê cada morceguinho que observa de cabeça para baixo, escondidinho na sombra da mangueira. Pandeiro fala, e cada joelho da praça se balança. Cutuca seu irmão, também pandeiro, e lá vão os dois candongando. Tum-tá, dim-dom-dim – velhos conhecidos se reencontram, e lembram dos tempos antigos. Ingoma acorda mal-humorado. O couro de boi quer correr de novo em savana, e se deleita no lambuzo de dendê. Ingoma é atabaque, tambor que lembra do tempo da chegada, e tem saudade. TUM-TÁ-TUM, fala alto e um ou outro passarinho tem saudade de casa e voa para longe. Um cachorro se lembra do quintal onde cresceu, e gane baixinho. TUM-TÁ-TUM, tum-tá, dim-dom-dim, a bola de neve vai descendo o morro. Reco-reco vem de fininho, e começa a se esfregar, e é de uma quentura tão quente que os pés de todos se esfregam no chão, saltitando. O gato velho tem certeza de que alguém lhe chamou, e chega mais perto. O ferro observa a tudo, a tudo vê. Uma boca fala, outra boca fala, dim-dim-dom-dom-dom-dim-dim. O sol parece tremer por um segundo, enquanto o ritmo oscila para cima e para baixo – cavalo corcoveando no pasto, a espera de cavaleiro. O ferro segue gritando, falando da mina, da terra, do escuro do fundo do chão, do barro que fez homem e faz casa. Rei vindo de longe, agogô é ferro, e chama quem ainda não veio. E chega um, para comer antes de todos. E depois do um, outros, muitos outros. Dim-dom-dim, TUM-TÁ-TUM, tum-tá !

Maré, braço de mar

Antônio Laurindo das Neves começou a jogar capoeira em 1918. Segundo palavras dele mesmo, “aprendeu a tocar e a jogar observando os outros” (ouça a entrevista aqui http://www.youtube.com/watch?v=_EQbRlEzAOk ).
Antônio Laurindo das Neves cresceu para se tornar o Mestre Totonho de Maré, celebrado até os nossos dias como um dos grandes da capoeira. Quem nunca ouviu “Eu conheci Canjiquinha, também Mestre Bimba, também seu Maré” ?
Mas e hoje em dia, um capoeirista aprende a jogar só de olhar e ouvir ? Há quem diga “se o Mestre Maré não teve mestre, por que eu preciso ter ?” Não posso freqüentar rodas, observar e aprender ? Não posso comprar DVDs e CDs de capoeira, e também ser bamba ?
Respondendo a minha própria chamada, resumo a problemática numa palavra: contexto. Maré via e ouvia, mas provavelmente também conversava com os capoeiras, respirava ares cheios de informação e mandinga. Será que freqüentava as docas e as áreas da malandragem, da cafetinagem ? Será que se envolvia em “barulhos” onde precisava se por à prova ? Na entrevista citada acima, ele menciona uma briga com um companheiro, por causa de um revólver.
Eu entendo que Antônio Laurindo das Neves não teve um mestre – teve vários. E o maior deles, a própria vida num ambiente de malandragem (como diz o Mestre Toni Vargas, “se não fosse malandro, nem crescia“). Talvez daí o seu nome: Maré, ilha da Baia de Todos os Santos. Um baiano cercado de capoeira por todos os lados.

Nietzsche e a tradição

Trombei há pouco com esse artigo: http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_7_10.htm

A abrangência do texto começa pelas “festas de boi”, mas eu creio que podemos expandí-la para qualquer folguedo popular, capoeira incluída. E justamente caminhando nessa linha de pensamento, de festas populares sendo alteradas com o decorrer do tempo, de personagens transitando entre festas, me lembrei de uma conversa que tive com um amigo faz um tempo: o que é a tradição, e como ela nos serve ?
Na época, acabamos indo esbarrar em Nietzsche (“Alvorada”):

Conceito de moralidade dos costumes.


Em comparação com o modo de vida de todos os milênios de humanidade, nós, humanos conteporâneos, vivemos uma era imoral: o poder do costume está fantasticamente enfraquecido, e o senso de moral, tão rarefeito que poderia ser descrito mais ou menos como evaporado. Isso é o motivo de perguntas fundamentais sobre a origem da moralidade serem tão difíceis para nós, recém-chegados – e mesmo quando as formulamos, descobrimos ser impossível enunciá-las – porquê elas soam estranhas ou porquê elas parecem depreciar a própria moralidade !

Isso é, por exemplo, o caso da proposição mestra: a moralidade não é nada além da obediência aos costumes, de quaisquer tipos que eles possam ser; os costumes, entretanto, são o modo tradicional de nos comportarmos e avaliarmos. Nas coisas nas quais nenhuma tradição comanda, não há moralidade; e quão menos a vida é determinada pela tradição, menor o círculo da moralidade. O ser humano livre é imoral porquê em todas as coisas ele está determinado a confiar apenas em si mesmo, e não em uma tradição: em todas as condições da humanidade, “mal” significa o mesmo que “individual”, “livre”, “caprichoso”, “não-usual”, “inédito”, “incalculável”.

Julgada pelos padrões dessas condições, uma ação realizada não porquê a tradição comanda, mas por outros motivos (por exemplo, porquê é útil ao indivíduo), ainda que sejam exatamente os motivos pelos quais a tradição foi um dia criada, é chamada imoral e sentida como imoral por aquele que a realizou: porquê não foi realizada com obediência à tradição.


O que é a tradição ? Uma autoridade maior à qual se obedece, não porquê ela comanda o que é útil para nós, mas simplesmente porquê ela comanda. O que distingue então o sentimento de existência da tradição, do sentimento de medo em si ? É o medo da presença de um intelecto superior que comanda, de um poder incompreensível e indefinido, de algo mais que pessoal – há superstição nesse medo. Originalmente, toda a educação e cuidado com a saúde, casamento, cura de doenças, agricultura, guerra, discurso e silêncio, negociação com outros povos e com deuses, pertencia ao domínio da moralidade: tais atividades demandavam que se observasse prescrições sem que se pensasse como um indivíduo.

Originalmente, entretanto, tudo era costume, e quem quer que desejasse se elevar acima disso devia tornar-se um ditador de leis e curandeiro e algum tipo de semi-deus: isso quer dizer, ele tinha que criar costumes – algo assustador, mortalmente perigoso !

O fato é que a conversa nunca terminou, mas as pulgas continuam me mordendo a orelha. “Tudo o que é demais, é muito”, “toda unanimidade é burra”, diz o povo… Em excesso, até carinho da mamãe e canja de galinha fazem mal. E o excesso de zelo com a tradição, como fica ? Não corremos o risco de engessar a história que nós próprios construímos diariamente ?
Outro dia postei um vídeo no YouTube, e achei um comentário interessante:

“Nunca vi um angoleiro que prestasse colocar joelho no chão, dar aú na frente da cabeça do camarada, ou botar a cabeça no pé do camarada… é por isso que esses dois estão na praça da Republica, sem uniforme, e sem nexo…”
De onde vem a tradição de “não por o joelho no chão” ? Será provinda daquela necessidade antiga de “não sujar a roupa” ? O conceito ainda se aplica em tempos modernos ? Eu não coloco o joelho no chão porquê aprendi assim – mas qual o motivo real, o rationale por trás ? E quanto à falta de uniforme ? Quanto tempo um costume precisa existir para virar tradição ? Uniformes na capoeira existem há uns 70-80 anos… A roda na praça da República acontece há uns 40 anos (até onde sei) – já deu tempo de ter criado as suas próprias tradições ? Existem tradições universais, dentro da capoeira ?

Capoeira, infiltração cultural e batatas

As batateiras são plantas da família Solanaceae, cultivadas normalmente pelo tubérculo produzido – a batata (http://en.wikipedia.org/wiki/Potato). Rica em amido, a batata é o tubérculo mais cultivado no mundo. É também o quarto vegetal mais plantado, ficando atrás apenas do arroz, trigo e milho.
A batata foi domesticada no sul do Peru e norte da Bolívia, em tempos pré-colombianos. Com a chegada dos espanhóis, a planta foi levada para todos os cantos do mundo, sendo a base da alimentação dos marinheiros.
Após a destruição da armada espanhola pelos ingleses e holandeses em 1588 (http://en.wikipedia.org/wiki/Spanish_Armada), destroços de navios e muitas batatas chegaram à costa da Irlanda. Fazendeiros irlandeses recolheram e plantaram os tubérculos.
Em 1845, uma doença atingiu os batatais da Irlanda, destruindo a colheita – e causando a Grande Fome (http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Irish_Famine) que matou 12% da população do país (um milhão de pessoas).
A batata era desconhecida na Irlanda em 1588. Em 1845, ela já era a base da alimentação do país – e a falta dela matou muita, muita gente. Oras, em 257 anos, criou-se um vínculo cultural forte o suficiente para que os irlandeses deixassem de plantar o que eles plantavam antes !
Na prática, a batata invadiu a Europa e substituiu outros vegetais como o nabo, no gosto das pessoas. Hoje, países como a Alemanha e a Inglaterra têm na batata a base de boa parte da alimentação da sua população.
Opa, mas qual é o ponto do post ?
A capoeira começou a sair oficialmente do Brasil na década de 1960, com a ida do Mestre Pastinha ao Festival de Artes Negras em Dakar. Em 47 anos, ela já ganhou o mundo. Já tem capoeira “plantada” em praticamente todos os países, e com certeza ela já entrou na cabeça das pessoas – ainda que grande parte seja somente por estética: saltos mortais, acrobacias que foram adicionadas ao hip-hop, aparições em cinema.
A pergunta é: como será o vínculo cultural das pessoas desses países com a capoeira, dentro de alguns anos ?
Particularmente, eu acho que será reproduzido o mesmo fenômeno que ocorreu com as artes marciais orientais, principalmente com o judo (que se espalhou pelo mundo com a Diáspora Japonesa – http://en.wikipedia.org/wiki/Japanese_diaspora) e o karate (que saiu de Okinawa depois da Segunda Guerra Mundial).
A maioria dos judo-kas e karate-kas de hoje não tem a menor idéia da filosofia por trás da arte que pratica. Aprenderam do fulano que aprendeu do sicrano que aprendeu do beltrano, que aprendeu do cachorro do tio da mãe da prima do mestre japonês.
Eu acredito que vai faltar contexto ! A raiz, que já vem sendo enfraquecida paulatinamente, vai ficar cada vez mais fina. As pessoas vão cada vez mais entender a capoeira como “Ah, aquela luta que veio lá do Brasil. Olha como o cara fica sarado e aprende a voar” – e só. E aí vão surgir mais barbaridades como essa:
“O campeão russo de capoeira x O campeão brasileiro de capoeira”
Mas posso estar sendo pessimista. Será que a capoeira vai ser absorvida e tornada parte da cultura popular de algum país, como ela é no Brasil ? Como um camarada angoleiro comentou comigo um tempo atrás, ele tenta devolver a capoeira a quem ela pertence – o povo.

Será possível devolver a capoeira a outro povo que não o brasileiro ?

Não se pega água com peneira, e nem vento com a mão

Não se pega água com peneira, e nem vento com a mão. Capoeira é água de correnteza, que vai molejando entre as pedras e chega onde quer – se infiltrando onde há caminho e quebrando onde não há. Não tem forma, nos forma. É vento que refresca o couro e vendaval que derruba gameleira. Capoeira é de esquentar o chão e o coração, é febre de dar tremedeira, é alegria de pregar sorriso no rosto de quem vê. É a conta do ódio do oprimido, do alívio do liberto, da perseverança do fujão. Manha, mandinga de escravo, magia, mistério. Poesia de quem quer, história de quem sabe e viu e ouviu. Ancestralidade, respeito pelo que foi e atenção no que vai ser – para não errar os mesmos erros. Capoeira é música que não cabe na garganta, e que quer barulhar no mundo. Tambor tocado com delicadeza e força, arco retesado e soltando flechas de som. Sino de ferro feito em forja, couro de bode afinado com fogo. É aço que canta, chocalho que chia, cabaça que geme, coração que bate em ritmo negro. Capoeira é o sal, o sol e o céu. O boi, o louro, o mel. O café, a cana, o ouro. O suor, o sangue, as lágrimas. O calo, a ferida, a mágoa. A ofensa, a vingança, o perdão. A luta, a fuga, a emboscada. O pé, a mão, a cabeça. Não é preciso definir capoeira – a capoeira é.