Capoeira, infiltração cultural e batatas

As batateiras são plantas da família Solanaceae, cultivadas normalmente pelo tubérculo produzido – a batata (http://en.wikipedia.org/wiki/Potato). Rica em amido, a batata é o tubérculo mais cultivado no mundo. É também o quarto vegetal mais plantado, ficando atrás apenas do arroz, trigo e milho.
A batata foi domesticada no sul do Peru e norte da Bolívia, em tempos pré-colombianos. Com a chegada dos espanhóis, a planta foi levada para todos os cantos do mundo, sendo a base da alimentação dos marinheiros.
Após a destruição da armada espanhola pelos ingleses e holandeses em 1588 (http://en.wikipedia.org/wiki/Spanish_Armada), destroços de navios e muitas batatas chegaram à costa da Irlanda. Fazendeiros irlandeses recolheram e plantaram os tubérculos.
Em 1845, uma doença atingiu os batatais da Irlanda, destruindo a colheita – e causando a Grande Fome (http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Irish_Famine) que matou 12% da população do país (um milhão de pessoas).
A batata era desconhecida na Irlanda em 1588. Em 1845, ela já era a base da alimentação do país – e a falta dela matou muita, muita gente. Oras, em 257 anos, criou-se um vínculo cultural forte o suficiente para que os irlandeses deixassem de plantar o que eles plantavam antes !
Na prática, a batata invadiu a Europa e substituiu outros vegetais como o nabo, no gosto das pessoas. Hoje, países como a Alemanha e a Inglaterra têm na batata a base de boa parte da alimentação da sua população.
Opa, mas qual é o ponto do post ?
A capoeira começou a sair oficialmente do Brasil na década de 1960, com a ida do Mestre Pastinha ao Festival de Artes Negras em Dakar. Em 47 anos, ela já ganhou o mundo. Já tem capoeira “plantada” em praticamente todos os países, e com certeza ela já entrou na cabeça das pessoas – ainda que grande parte seja somente por estética: saltos mortais, acrobacias que foram adicionadas ao hip-hop, aparições em cinema.
A pergunta é: como será o vínculo cultural das pessoas desses países com a capoeira, dentro de alguns anos ?
Particularmente, eu acho que será reproduzido o mesmo fenômeno que ocorreu com as artes marciais orientais, principalmente com o judo (que se espalhou pelo mundo com a Diáspora Japonesa – http://en.wikipedia.org/wiki/Japanese_diaspora) e o karate (que saiu de Okinawa depois da Segunda Guerra Mundial).
A maioria dos judo-kas e karate-kas de hoje não tem a menor idéia da filosofia por trás da arte que pratica. Aprenderam do fulano que aprendeu do sicrano que aprendeu do beltrano, que aprendeu do cachorro do tio da mãe da prima do mestre japonês.
Eu acredito que vai faltar contexto ! A raiz, que já vem sendo enfraquecida paulatinamente, vai ficar cada vez mais fina. As pessoas vão cada vez mais entender a capoeira como “Ah, aquela luta que veio lá do Brasil. Olha como o cara fica sarado e aprende a voar” – e só. E aí vão surgir mais barbaridades como essa:
“O campeão russo de capoeira x O campeão brasileiro de capoeira”
Mas posso estar sendo pessimista. Será que a capoeira vai ser absorvida e tornada parte da cultura popular de algum país, como ela é no Brasil ? Como um camarada angoleiro comentou comigo um tempo atrás, ele tenta devolver a capoeira a quem ela pertence – o povo.

Será possível devolver a capoeira a outro povo que não o brasileiro ?

Depoimento do Mestre Caiçara – Parte 1 de 6

O depoimento do Mestre Caiçara foi tomado pelo Mestre Matiole, durante o Encontro Nacional de Capoeira de Ouro Preto, promovido em 1987 pelo Mestre Macaco e o Grupo Ginga (de Belo Horizonte).

O símbolo [???] indica um trecho do áudio que não consegui transcrever. Entendimentos e sugestões são bem-vindos.

Mestre Matiole: O senhor está com quantos anos ?


Mestre Caiçara: 64 vou fazer em 8 de maio


MM: 64 ?


MC: É…


MM: Eu também sou de maio, 2 de maio


MC: Eu sou de 8 de maio. Meu signo é touro. Meu nome é Antônio da Conceição Morais, o popular Mestre Caiçara. Nasci em 8 de maio de 1924. Sou cachoeirano. Eu fui funcionário municipal há 37 anos. Capoeira aprendi com 14 anos. Vai fazer 50 anos que sou mestre de capoeira, que aprendi a capoeira. Mestre não, porque mestre é quem dá lição.


MM: Com quem o senhor aprendeu ? Com quem o senhor começou ?


MC: Com o finado Aberrê.


MM: Aluno de Pastinha…


MC: É, ainda é… Não ! Aberrê nunca foi aluno de Pastinha. Pastinha nunca foi capoeirista. Era pintor ! Agora, Jorge Amado…


MM: Enalteceu ele


MC: … enalteceu ele, e Mário Cravo. Agora Bimba era mestre de capoeira. Doze Homens era mestre de capoeira. Meu mestre, finado Aberrê, era mestre de capoeira. Vitor H. U. era mestre de capoeira. Geraldo Chapeleiro era mestre de capoeira. Canário Pardo era mestre de capoeira. Finado Besouro era capoeirista. Esse… Samuel Preto era capoeirista. Era mestre. Samuel Branco, Juvenal das Docas, da alfândega, era mestre de capoeira. Finado Noronha era capoeirista. Finado Traíra era capoeirista. Waldemar do Pero Vaz era mestre de capoeira. E de canto, foi quem me aperfeiçoou no canto.


MM: Era o Mestre Waldemar…


MC: Waldemar. É quem hoje em dia fabrica os berimbaus.


MM: Eu estive na Bahia, e estive com ele.


MC: É…


MM: Agora ele está meio assim, perrengue de saúde…


MC: É… Então, os mais… É… Finado [???] com competência e querer [???] Só tem uma força para poder apresentar quem tem uma obra com compreensão da nossa cultura, da capoeira autêntica, histórica do afro-brasileiro. [???] Eu não me importo que você faça dela argumento. Você aprende o original. Respeite. Atitude. Da autenticidade. Que aquilo que nasce com o nome próprio, morre com nome próprio. A capoeira só existe uma só. É angola ! Agora, você apresentar aquilo, aquilo outro, aquilo de qualquer jeito, e dizer que é capoeira… É fundamento ! Isso aí, isso não é só formalidade. A capoeira angola, a que foi criada pelos africanos no Brasil, radicados aqui na Bahia. Que a primeira cidade onde apareceu capoeira foi Santo Amaro da Purificação.


MM: E da época que o senhor viveu… Assim, a época de Mestre Bimba. Quando começou com a Regional, na época o pessoal aceitou bem ou foi contra ?


MC: Não… Ele só ensinava filho de barão. Ele não ensinava a filho de… A filho de operário.


MM: Então o pessoal era…


MC: É, o pessoal [???] É filho de papai e mamãe. A filho de operário ele está aí, não me dizia… O filho dele está aí, pode muito bem confirmar o que eu estou falando.


MM: O Mestre Bimba, era angoleiro…


MC: Ele era angoleiro, mas de acordo com a oportunidade, ele virou o toque de cavalaria. Aí virou o regional, era briga de rua, jogo de tomar, de dar e tomar. Mas ele era angoleiro, era amiguíssimo do meu mestre. Meu mestre era santamarense, descendente de africanos.


MM: E a iniciação do senhor no candomblé, foi desde criança também, ou depois que senhor já estava com uma certa idade ? Quando o senhor começou com o candomblé, foi quando o senhor era criança ainda, ou já depois de uma certa idade ?


MC: Não, de uma certa idade… A capoeira, quando eu era criança, 14 anos. E o candomblé, por o motivo de minha mãe era zeladora e dizia quando morresse entregava o cargo a mim. Então eu fiquei com o cargo. [???] casa de candomblé na Uruguai, fui na Liberdade, de Pernambuco. Fui registrado na Federação de Cultos Afro-brasileiros, na 13 de Maio, em Pernambuco. Mas deixei de tocar candomblé por causa da patifaria. [???] Pelas esculhambações. Pelas falsificação que existe no candomblé. A mais safada, de Umbanda e Quimbanda, esculhambou com cachaça, pederastismo… Que desvalorização. Fugi de tudo isso aí. Foi a base. Hoje em dia, eu fui aqui, de Ouro Preto, até histórias, viveu um povo, com muitos anos eu vim aqui. Como é bonita essa arte, então eu vim hoje, para ver, para saber, para dar uma instrução a vocês. Não como sábio, porque todo verdadeiro [???] mais experiência que tem. Mas dar sempre uma mão, uma oportunidade de um ensinar [???] É porquê vocês, faça uma pesquisa e veja se eu estou certo ou se estou errado.


MM: Mestre, uma outra pergunta… Para que é essa bengala, caracterísitica do senhor ?


MC: É… Essa bengala… É um símbolo do meu mestre. Meu mestre andava com uma bengala. Tome dentro de 36, um tantinho. Quando ele me disse “tome e zele [???]”, ele me entregou uma bengala. Pequenininha. E eu tenho até hoje. É o único mestre que anda com uma bengala.


MM: [???] Eu não perguntei uma coisa que era [???] não ?


MC: Não, mas não tem dúvida não. Só preocupo com a resposta.


MM: É uma coisa característica…


MC: É, justamente… É histórico. Pode procurar para você ver. O único mestre que anda com uma bengala sou eu. Nem a polícia não empata. Eu vou enferrujado com isso. Só ando assim na rua. Ela aqui tá um perigo. [???] Comigo ela sai daqui, ela atrapalha carro. Ela trabalha aqui, ela atrapalha aqui. Mas se [???] É um negócio sério. Entendeu ?


MM: Isso tá mostrando, mestre, que o capoeira pode ter uma arma. Não é como no karatê…


MC: Não… Karatê é capoeira copiada… A arma do capoeirista é as perna e a cabeça.


MM: Mestre, porque na capoeira atual a gente quase não está vendo a cabeçada mais ?


MC: Eles não sabe apresentar. Eles tão fugindo da autenticidade. Mas a capoeira… É uma roupa branca, é uma cultura… Apresentando os golpes, mas não para atacar ou ferir ninguém. Somente é [???], bem formalizado.


MM: Mestre, atualmente o senhor está dando aula, ou…


MC: Estou. Particular. [???] outra academia para mim. Lá em Salvador.

para as Exibições pelo que ja realisamos 8 sendo a primeira para o Bispo da França, no Bevedere, a segunda para uns turista no largo da sé no palanque, a terceira para congresso dos Medico Paulista em a Salvador sendo presidente do congresso o Dr. Menando Farias. a quarta Comapnha N. A. Bahia e Turismo, no X. P. T. B. Armação pela manhã; a quinta na Base Naval do Salvador a seista na lagóa do Abaité, sendo que motivo de chegar-mos atrazado por causa do transporte enviado por eles foi realisado no Hotel da Bahia no Salvador sabado do Carnaval, a setima na sede do Vitoria a oitava na rampa do Mercado Modelo para firmagem; esta no dia 9 de dezembro de 1956, e mais Exibições em passeio por conta dos socios S. Thomé de paripe, itapoan Itaparica madre Deus, Candeia, etc. N. B. O Centro me foi entregue, ao Vice Presidente Vicente Ferreira Pastinha somente papes que foram o seguintes uma propostas cheia, e outras em branco, e outras sendo um diario oficial do registro, uns papes para oficio e

as pernas fazem mizerias. E a capoeira está procurando entra, e viver na sociedade, o capoeirista de hoje para o futuro é respeitadôr, e decente, as duvidas se esvahem, da manete dos capoeiras, aprendendo a ninhá-se nas vontade e na esperança de crer !
Em Maio de 1955.
Ao sahir de Brotas, instalamos provisoriamente no Pelourinho no. 19, quando convidei o socio e amigo Daniel Angelo dos Reis para junto trabalharmos para o ingradicimnto do Centro E. C. Angola pelo que foi aceito pelo mesmo, então comesamos a trabalhar, pelo que foi bem socidido pelo me convite, pois encontrei um amigo muito dedicado esforçado. Trabalhador até mesmo no caso monetario quando era persiso. então aclamei junto com os companheiros Diretor geral foi tambem aceito pelo o mesmo pelo criterio e confianã demonstrado ficou encoarregado de resolver todos os casos do Centro, e tambem dos contratos

Depois que os nêgos se achou ser forte com sua armas manhosa, tornoce-se dificil para o cabos do mato por as mãos nos nêgos, porque ? Escoregavam mesmo que quiabo, eles aplicavam truque no proprio corpo. A capoeira éra e é desconfiada até as sombras, hoje meno, porem, os nêgos não tinham medo da policia imperial, pode verificar que o persiguidor era os cabo do mato. Pois elis odiava o Senhorinho mau, e aninha-se no mato, e eles só empregavam as mãos na defesa e no ataque, se dizem que a capoeira não tem golpes, porque, sofreu suas repressões nos tempos de engenho, e da policia Republicacna ai esta a solução. Ela tem, ou não tem, nome na história, é bem observada por centenas de milhares de brasileiros, e estrangeiros. O capoeirista que conserva a sua fé no que tem, porque aperfeisoou, não prevalesse para aceitar insultos que não interessa; Se ele aceitar, entra na historia, não enterrompa que vai fazer mizerer a comida é enbaixou, ou encima, pode apresiato

Falando em manha de capoeira ! Penço que todos capoeiristas são, maoso, porque a propria lhe dá aspiração, ensina idealisar, porque todos nasce com a capoeira, não só os homens como as mulher; não é novidade na Bahia. Está gravado na historia da capoeira as mulheres que jogavam a mandinga, e batucavam, tem como cito, Maria Homem, Julia vulgo Fugareira e muitas outras que deixo os meus camaradas contarem; e assim ia a capoeira perdendo sua finalidade, não pode, nunca, perder porque a capoeira está em todas lutas, eu n”ao discuto, o que está no conhecimento dos observadores, mostro em dezenho, ou fotogrifias, melhor nos firmes. ainda lhe dou a teoria com pratica, porque os nêgos com sua manha maliciosa para vencer o seu maior persiguidor, não tardaro vencer os cabos do mato, armado até os dentes, até cordas, quando os nêgos juntou-se sua trez poderosas armas, não perdeu para os cabo do mato, qual foros as trez armas dos nêgos ?

porque vim do passado, e hoje aninho ao famosos, e preparando os famosos do futuro, com vocês e amanhã falaram dos nomes Bezouro, Samuel de Deus, Caciano Balão, Chico Midá, Samuel da Calcada, Chico da Barra, Piroca, Chico Casumbar e muitos ontros ate

A capoeira para quem não ver com observação, não conhece bem, não lhe dá o minumo valor. Ela dá possibilidade não só para capoeira, como também outras, coisas, que do corpo dependa, e não pode negar o seu real valor. Já é, e é conhecido, e confirmado tradicional, não lhe da valor. é porque, não viu o corpo fazer mezerêr, pois note bem amigo a capoeira esta dividida em trez partes, a primeira é a comum, é esta que vê ao o publico, a segunda e a terceira parte, é rezevada no eu de quem aprendeu, e é rezevada com segredo, e depende de tempo para aprender. a prova está no conhecimento da capoeira do passado e do prezente, a do passado era violenta, para malandragem, e a de hoje, é como todos verem. rezevamos a mizéria, pela democracia. nos queremo divirtimento. E tudo mais depende da raça, de que quem aprende a capoeira; e a minha raça já enveleceu, tambem sou tradicional, vivo na historia da capoeira; e amo ela,
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tenho varios alunos, em particular, e tenho trenéos; raro era os negros que não tem suas preferências por Santa Ifigenia, São Benedito e São Elesbão, São Corme e outros de sua ceita. Guando me perguntam de onde veiu a capoeira, eu respondo, não sei, porque os mestres da minha época, não afirma, ela tem muito inredo. Tem capoeiristas por todas praias, e friguizias,

A capoeira é a luta das lutas. A capoeira é a segunda luta ? Porque a primeira é a dos caboclos, e os africanos juntou-se com a dança, partes do batuque e parte do candobrê, procuraram sua modaliadde. Em cada fregrisia um africano com uma responsabilidade de ensinar, para fazer dela sua arma contra o seu persiguidor, se comunicavam no cantos inprovisados dançava e cantava, inredos inventava, truques, piculas, para dar volta no corpo, esconder o chicote, inventando miseria, o corpo todo faz mizerêr, cabeça, mão, pernas, e só consegue com manhas. E o meu mestre bom, eu aprendi na rua da Laranjeira, e lecionei na rua Sta. Izabel em 1910 a 1912, quando eu abandoei a capoeira, e voltei, em 1941, para organizar o centro de capoeira, o 1o. na Bahia. Na escola de Aprendiz Marinheiro da Bahia eu era o 110, e lecionei os meus camaradas de 1902 a 1909, bom tempo. hoje á uma academia, é a primeira de angola. E,