A roda de capoeira é o lugar de se estar vivo, de sentir o sangue correr na palma da mão. É onde se aprende a ler o ABC da vida, e a julgar caráteres. A roda ensina a acabar com o preconceito, mesmo que seja uma lição sem palavras – nunca se sabe o que o outro vai fazer, não dá para pré-julgar. Na roda, a alma é livre para sair do corpo e vadiar, trocar experiências com as almas dos outros que ali estão – boas ou ruins, são experiências a se aprender. É lugar de transe, de profundo respeito por si mesmo e pelo próximo – e os que ignoram isso, cedo ou tarde pagam o preço. A roda é templo feito de corpos e cantos, portal que se abre com música – é a passagem para um lugar onde as pessoas são mais reais, mais verdadeiras. O capoeira, na roda, dissimula a intenção – mas não dissimula o que ele é. Na roda, todos somos transparentes – fica escrito no nosso couro o que somos, para quem quiser nos ler.