Mininu quem foi teu meste?

Mininu quem foi teu meste ?
Quem t’insinô a brigá ?
U meu meste foi Bizôro
Aprendeu cum mangangá
Mininu quem foi teu meste ?
Quem ti deu tanta guarida ?
Quem t’insinô a maldade
di dançá dentu da briga ?

Camaradinho…

Tô durmino, tô sonhano
Tão falando mal de mim
Tô durmino, tô sonhano
Tão falano mal qu’eu vi

Dedu di munhec’é dedu

Dedu di munhec’é dedu
Dedu di munhec’é mãu
U macacu na levada
Doi liãu passô-l’a mãu
Mariposa num mi prenda
Dentu du seu coraçãu

Camaradinho…

Foi Deu qui mi deu, é Deu qui mi dá
Qui deu capuêra pá nói vadiá
Foi Deu qui mi deu, é Deu qui mi dá
Qui deu capuêra pá nói vadiá

Nego nagô quano morre

Nego nagô quano morre
Vai pá cova di bangüê
Us parente vai dizeno
Urubu há di cumê
Aqui babá, ai canjerê
Nego nagô tem catinga de sariguê

Camaradinho

O home é valente
Eu já sei sinhô
O home é ligêro
Eu já sei sinhô
E li joga no chão
Eu já sei sinhô

Coro di fazê sela

Coro di fazê sela (Teimosia)

Coro di fazê sela
Coro di fazê tambô
Pau di faze gamela
Gamelêra sim sinhô
Chegá na roda sorrino
É cunvite a aligria
Pá brincá feitu minino
Seja noiti, seja dia

Camaradinho…

Ai, ai, ai dotô
Capoeira di valô
Ai, ai, ai dotô
Brincadêra sim sinhô

Não se pega água com peneira, e nem vento com a mão

Não se pega água com peneira, e nem vento com a mão. Capoeira é água de correnteza, que vai molejando entre as pedras e chega onde quer – se infiltrando onde há caminho e quebrando onde não há. Não tem forma, nos forma. É vento que refresca o couro e vendaval que derruba gameleira. Capoeira é de esquentar o chão e o coração, é febre de dar tremedeira, é alegria de pregar sorriso no rosto de quem vê. É a conta do ódio do oprimido, do alívio do liberto, da perseverança do fujão. Manha, mandinga de escravo, magia, mistério. Poesia de quem quer, história de quem sabe e viu e ouviu. Ancestralidade, respeito pelo que foi e atenção no que vai ser – para não errar os mesmos erros. Capoeira é música que não cabe na garganta, e que quer barulhar no mundo. Tambor tocado com delicadeza e força, arco retesado e soltando flechas de som. Sino de ferro feito em forja, couro de bode afinado com fogo. É aço que canta, chocalho que chia, cabaça que geme, coração que bate em ritmo negro. Capoeira é o sal, o sol e o céu. O boi, o louro, o mel. O café, a cana, o ouro. O suor, o sangue, as lágrimas. O calo, a ferida, a mágoa. A ofensa, a vingança, o perdão. A luta, a fuga, a emboscada. O pé, a mão, a cabeça. Não é preciso definir capoeira – a capoeira é.

Minino vá com cuidado

Minino vá com cuidado (Teimosia)

Minino vá com cuidado
Ao andá na madrugada
Veno moita balançá
Usi da fac’amolada
Si andano nu camin
Vê a puera subi
Jogue dois dedo di sá
Qu’é prá ispantá saci
Si ouvi nu mei du matu
Barulho d’assombração
Si num tivé patuá
Já prepar’a oração

Camaradinho…

Ai, papai Nicolau
Num dá !
Rancador de cipó
Num dá !
Ouça cantá o galo
Num dá !
Nu pulêro é mió
Num dá !

Todu mundo qué sê bom

Todu mundo qué sê bom
Mai ruim ninguém qué sê
Todu mundo qué matá
Mai ninguém num qué morrê
Eu num sei como si vivi
Nessi mund’inganadô
Fala muit’é faladô
Fala pôco é manhoso
Comi muito é guloso
Comi pôco é suvina
Si batê é disordêro
Si apanhá é mufino
Si corrê eu sô covarde
Si matá, sô assassino
Sina ruim tem maribondu
Qui faz casa nu capim
Dá um vento, leva ela
Maribondu leva fim
Cavêra, quem li matô ?
Foi a língua, meu sinhô
Os conseio qu’eu li dava
Tu dizia sê ruim
Agora vem mi dizê
Qu’inveja matô Caim ?

Camaradinho…

O mundo gira, volteia doido

O mundo gira, volteia doido. É pião em palma de mão de menino, água redemoinhando na pia, é cachorro atrás do próprio rabo. A roda gira, pneu solto ladeira abaixo – e os camaradas giram com a roda. Os troncos se contorcem, caçando os espaços que sobram. Trocam pés por mãos, fingem ir e não vão, fingem dar mole – e não dão. Os olhos giram nas órbitas – mas onde está o camarada, que vi há pouco, e agora não vejo ? A cabeça gira no pescoço, buscando, radar que é, o lugar do outro. E a rasteira do outro gira rente ao chão, descalçando o pé do um. Um gira no ar, pombo sem asas, voando feito garrafa em briga de boteco. A rasteira de outro já passou, e por dentro se ri. Um, ainda girando no ar, pensa na gameleira que caiu, pensa em ser o mesmo que gato. E pensando assim, gato é. Um aterriza de pé, girando o rabo que não tem, para se equilibrar. Olham-se de bandam, e sorriem admirados com o que fizeram. Não são muito de dizerem que vão, então vão – mais uma volta na roda que gira no mundo que volteia doido. Mas uma volta só, que é o que iaiá manda dar.

Curuja vua di noiti

Curuja vua di noiti (Teimosia)

Curuja vua di noiti
Sabiá vua di dia
Nu camin que paca passa
Passa tatu e cutia
Só ande nesse camin
Quem subé bem caminhá
Quem corrê nu barro mole
Tá sujeit’a’scurregá

Camaradinho…

Meu juêi, meu juêi
Dindinha
Meu juêi tá dueno
Dindinha
Toda vida trabaiei
Dindinha
Já num possu trabaiá
Dindinha

um juiz. Não deve ser aplicado e nem forçar o seu companheiro para obter recursos é erros gravissimo, esta sujeito o fiscal suspender do jogo. É proibido no jogo e prinsiparmente em baixo fonsional golpes, ou truque, não por amão. é fau. Os golpes que não pode ser fonsionado em demonstração; golpes de pescoço, dedo nos olhos, cabeçada solta, cabeçada presa, meia lua baixa, balão acoitado, rabo de arraia, tesoura fechada, chibata de clacanhar, chibata de peito de pé, meia lua virada, duas meia lua num lugar só, pulo mortal, virada no corpo com presa de calcanhar, presa de cintura, balão na boca da calça, golpes no joelho, e nem truques.