“Nenhum dia amanhece, para um escravo”, escreveu um negro liberto. “E esse amanhecer também não é buscado. Para o escravo, é sempre noite. Noite para sempre”.
Um nativo do Mississipi, branco, foi ainda mais direto: “Eu preferia estar morto”, disse ele, “a ser um crioulo nessas grandes fazendas”.
Um escravo chegava ao mundo em uma cabana de um quarto e chão de terra, congelante no inverno e escaldante no verão. Cabanas de escravos geravam pneumonia, tifo, cólera, tétano, tuberculose. As crianças que sobreviviam o suficiente para serem mandadas para os campos aos 12 anos, tinham dentes podres, vermes, disenteria, malária. Menos de 4 em 100 chegavam aos 60 anos.
O trabalho começava ao nascer do sol, e continuava enquanto houvesse luz. 14 horas, às vezes – a menos que houvesse lua cheia, pois então durava ainda mais.
No quarteirão dos leilões, os escravos tinham que pular e dançar para mostrar a sua agilidade, e eram despidos para demonstrar quão poucas chicotadas precisavam.
Os compradores os cutucavam e apertavam, examinavam seus pés, olhos e dentes. “Precisamente”, lembra um ex-escravo, “como um jóquei examina um cavalo”.
Um escravo podia esperar ser vendido ao menos uma vez em sua vida. Às vezes, duas; talvez mais.
Dado que casamento entre escravos não tinha valor legal, os pastores mudaram os votos de união para “até que a morte ou a distância os separe”.
“Você sabe o que eu faria ? Se visse que ia ser escravo novamente ? Eu conseguiria uma arma e acabaria com tudo de uma vez por todas. Porque você não é nada além de um cão. Nada mais que um cão”.
Alguns escravos recusaram-se a trabalhar. Alguns fugiram. Ainda assim, os negros lutaram para manter suas famílias unidas. Criaram sua própria cultura sob as piores das condições. E ansiaram pela liberdade.