O depoimento do Mestre Caiçara foi tomado pelo Mestre Matiole, durante o Encontro Nacional de Capoeira de Ouro Preto, promovido em 1987 pelo Mestre Macaco e o Grupo Ginga (de Belo Horizonte).
O símbolo [???] indica um trecho do áudio que não consegui transcrever. Entendimentos e sugestões são bem-vindos.
Mestre Caiçara: Os mestres da Bahia não agradou, [???] de mim. Ah, é. Ele não bota roda de capoeira depois que [???] a mim nem a polícia. Eu boto é cinquenta conto nas pedras de lá, e com outros eu quebro o boné. O meu filho saiu com o outro boné meu, quebro o boné, boto a bengala assim. Aí quando eu chego, aí pode entrar, ficar na roda. Eu tenho uma corda que eu boto, e o pessoal não fica. Nem a polícia acaba. Ave Maria, a roda grande. Ninguém joga dinheiro em roda de capoeira. Ninguém joga. Dinheiro, não. Agora, trabalho, de canto. Tudo é trabalho, antes de vadiar. Vou ali dentro dar uma palavra…
Mestre Matiole: Amanhã vai ter mais oportunidade…
MC: É… Já pode acabar com essa parte de acobracia da capoeira, da capoeira acobracia. Negócio de acobracia não existe.
MM: Não gosta não, mestre ?
MC: Não, acobracia não. Gosto de ver sabe o quê ? É autenticidade. Ciência, destreza, malícia, agilidade. Acobracia…
MM: O senhor fala que a capoeira é uma só…
MC: É, angola ! Autêntica. A capoeira só existe uma, angola é angola. Não brinque que eu meto a bengala em você. Não dê risada não, rapaz. Você é feio e eu sou bonito. Hehehe.
[conversa inaudível]
MC: Entendeu agora o [???] ? Mas nem que fosse mestre de capoeira. Então [???] não ensinaram ele como mestre, vamos apoiar. Mas não que ele fosse mestre.
[Mestre Caiçara cantando]