Moleques do Morro do Boréu
Santa Marta, Pavão, cais da Bahia
Nunca que frequentaram academia
Já nasceram jogando capoeira
Aprenderam a gingar na ladeira
Atravessando a rua, a esquiva
E fugindo da vida, a negativa
O martelo cruzado e a rasteira
O macaco por pura brincadeira
E o aú nem se fala, que é bobagem
Já cresceram vivendo a malandragem
Se não fossem malandros, nem cresciam
E o toque do berimbau que ouviam
Era dentro do peito que tocava
Era a voz de Zumbi que então gritava
“Corre livre, moleque
Não se entregue.”
Que filho de Zumbi já nasce livre
Ele luta com força e valentia
Até que se possa dizer, um dia
Somos livres, irmãos de toda raça
Berimbau vai tocar em plena praça
E o povo vai jogar a noite inteira
Meu povo!
O povo vai brincar a noite inteira
Meu povo!
O povo vai lutar a noite inteira
Meu povo!
Na beira do mar e na ladeira
Meu povo!
No meio da praça e na ribeira
(Mestre Toni Vargas)