Acho que a maior dificuldade de se implantar uma “capoeira olímpica” está na determinação de um vencedor – algo que todo esporte preconiza: um jogo tem que ter um ganhador e um perdedor, e uma maneira objetiva de contar pontos para decidir quem é quem.
Entre os esportes reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) estão várias lutas: judô, taekwondo e greco-romana (já são olímpicas), karate, sumô e wushu (são reconhecidas, mas ainda não são olímpicas).
Eu me pergunto o que os mestres do taekwondo se perguntaram quando viram sua arte passar a “contar pontos”. Mas por outro lado, o taekwondo é uma arte de combate explícito – até onde eu sei, não existe um “jogo” de taekwondo. Então o pulo de luta para esporte fica “fácil”.
Particularmente, eu acho que a capoeira não tem nada a ganhar sendo olímpica. “Reconhecimento”, o judô e o karate já tinham, muito antes de serem “olimpizados”. A capoeira tem que ser reconhecida pelo que ela é: expressão cultural de um povo (o brasileiro), de raiz negra, capaz de criar cidadania e auto-respeito em qualquer outro lugar do mundo em que seja bem ensinada.
Por outro lado, acho que a capoeira tem a perder sendo olímpica: na metodização do ensino, que pode até acelerar o aprendizado, mas que tolhe a espontaneidade; na introdução de regras explícitas do que pode e do que não pode; na figura dos mestres velhos que certamente serão postos para escanteio com mais uma vitória da educação física acadêmica sobre a cultura popular.
Acho que o capoeirista olímpico tem a perder, pessoalmente. A mandinga não se formata, não se regra, não se mede com nenhuma régua ou balança. O jogo de capoeira não tem sempre um vencedor – às vezes tem dois, às vezes não tem nenhum. E todo mundo que está em volta sabe quem é quem, mesmo sem ter juiz para contar pontos…
No final das contas, acho que é cada macaco no seu galho: acredito até que a capoeira olímpica possa existir, mas perderá sua raiz, deixará de ser a capoeira que admiro. Ela que fique lá no seu tatame, tablado, ringue, arena, octágono, sei lá como vai se chamar. Eu prefiro ficar nas ruas, praças e terreiros, esquentando o chão batido, o cimento ou o asfalto.
Grande Teimosia!!
Concordo em genero numero e grau com suas colocações. Se não há o que ganhar com isso para que se submeter e correr o risco de perda de suas caracteristicas originais. Não a Capoeira Olimpica ou qualquer outra forma de estilização da Capoeira.
Grande Teimosia. Ótimo texto, deu gosto de ler. Grande abraço!
bom! para mim existem duas formas sagradas de ver a capoeira e sua ancestralidade em suas formas e excencias, é ai que entra a capoeira angola e a regional, mestre bimba e mestre pastinha.
eu jamais aceitaria ver estas duas formas em dusputas olimpicas. mais acredito que no rumo que as coisas estão caminhando hoje no que chamam de evolução a nossa capoeira esta perdendo espaço e visibilidade. estão sugando e extraindo o que temos de melhor e dando outras denominações.
mais posso aceitar que seja criado hoje para este mercado consumista uma nova modalidade de capoeira extraida do que de melhor sabemos fazer.
mestre indio de natal rn.